Como entrei para o judo?

 Por acaso é curioso …. O clube em que treino chama-se 4Judo Project, em Aveiro. Entrei no judo  no 8º ano,  na escola de Eixo. O projeto já existia na minha escola há um ano e eu já tinha tido vontade de experimentar, mas tinha vergonha por ser um desporto normalmente (pensava eu!) considerado de rapazes; mas, o meu pai insistiu comigo, que experimentasse, porque sempre tive “muita força e elasticidade”. E, como era ainda mais gordinha do que sou agora, a prática do judo seria uma maneira de eu deixar de ser sedentária … Quando fui à primeira aula experimentar, não gostei, porque foi muito técnico e estivemos a aula toda a fazer quedas (provavelmente o mais importante de se saber fazer no judo). Mas, como era a primeira aula, eu ainda não tinha essa consciência; e por isso achei (desculpem a expressão) uma seca! Estava prontinha para desistir… Graças a Deus, estava lá a companheira do meu mestre que disse que eu tinha muito jeito e me incentivou a “dar uma segunda oportunidade ao judo” (vamos assim dizer) e convenceu-me. Fui à segunda aula e adorei, porque começámos a aprender as técnicas, tanto de ashi-waza como ne-waza– não se assustem porque se trata simplesmente de técnicas em pé e no chão.

O que representa o judo para mim?

Sinto-me realizada, sinto que é algo que me ajuda a relaxar; aprendi a conter-me e controlar as minhas emoções, em tudo, no geral, mas também para me preparar para as provas, porque, obviamente, são situações stressantes e que me deixam nervosa, porque (pelo menos para mim) o meu principal objetivo, quando participo nos torneios, é dar o meu melhor e tentar obter um lugar no pódio, não tanto por mim, mas porque quero deixar os meus pais, amigos e o meu mestre orgulhosos! Principalmente o meu mestre, Nuno Vieira, que faz sempre um esforço enorme nos treinos para nos preparar da melhor maneira possível, e tenta sempre que tenhamos um treino extra; ou seja, abdica do seu tempo livre para estar connosco. E é isso que me dá vontade de continuar a esforçar-me, mesmo quando já estou super cansada durante um treino e ele continua a dar-nos exercícios para fazer. Por vezes, tenho pensado nisso e cheguei à conclusão que o que faz com que goste mesmo de ir aos treinos é ver a maneira como o mestre se sente quando nos está a explicar: a felicidade que nos transmite é espetacular! E depois, há o facto de, pelo menos no nosso clube, 4judo Project, nos sentirmos todos como uma enorme família em que nos ajudamos mutuamente; apesar de o judo ser um desporto individual, só conseguimos evoluir com a ajuda dos nossos colegas e parceiros de treino e isso faz com que ganhemos uma ligação especial entre todos!

A primeira prova em que participei foi um torneio zonal e fiquei em segundo lugar e, automaticamente, apurada para o campeonato nacional… e nessa prova, perdi os combates todos … fazia judo há apenas meio ano.

Não desisti; hoje sou campeã nacional e isso fez com que superasse uma enorme barreira para mim pois, no dia da prova, pensei “ok, estou aqui, vou dar o meu melhor, mas sei que provavelmente não vou conseguir nenhum resultado, porque as minhas adversárias treinam muito mais do que eu, de certeza … e são melhores e mais fortes…. “. Resumidamente, é isso que costumo pensar… mas está completamente errado, porque quantidade não é qualidade e, se nos focarmos no método em vez de pensarmos no resultado, as coisas acontecem naturalmente, até porque, como costumamos dizer, “as medalhas ganham-se no treinos e só vamos às provas recolhê-las”.

Tudo isto são tudo ensinamentos que levo para a vida! Penso que a minha vitória vai servir de exemplo para os meus colegas, porque, se eu consegui, qualquer um consegue, e é uma prova de que o trabalho que estamos a desenvolver tem qualidade.

Por ter sido recentemente campeã nacional, fui convocada para ir a uma prova internacional (com estágio) na Republica Checa “cadet european judo cup”, que foi a primeira prova internacional na qual participei (no domingo vou a outra em Coimbra). Foi uma experiência inesquecível, onde, para além de termos aprendido imenso, estivemos a conviver com pessoas de todo o lado, o que obviamente é fantástico e enriquecedor.

 Porque a vida é isto mesmo, não é só escola, escola … é procurarmos desafios e vencê-los  é experimentar coisas novas, ir a sítios diferentes, estar em contacto com outras culturas… isto é que nos dá experiência de vida e nos enriquece; obviamente que a escola é importante, é nela que nos formamos como pessoas e é aqui que obtemos os conhecimentos essenciais para a nossa vida profissional. Mas, a meu ver, só a escola não chega.